domingo, 9 de junho de 2013

Prólogo (A Estrada Silenciosa)



Havia seis pessoas naquele carro. Nós estávamos vindo de uma festa excelente. Todos havíamos bebido muito, estávamos muito agitados, rindo alto. Cantávamos, contávamos histórias, piadas, frescando com o nosso amigo Augusto, que, segundo nosso amigo Anderson, não havia pegado ninguém lá na festa. O Cláudio estava sentado no colo do Vítor, e, por causa disso, tirávamos sarro dele.

— Ain, amiga, eu é que queria sentar no colo do Vítor! Ah! Louca! — brincava Anderson, fazendo o Fernando rir loucamente.

Eu estava sentado no meio do banco de trás, com meu braço passado por trás do ombro do Fernando, que estava sentado atrás do motorista. O Cláudio e o Vítor estavam do meu outro lado. O Augusto e o Anderson sentavam na frente, sendo que o primeiro era quem dirigia.

Passamos por um cruzamento. O Augusto acelerava muito o carro. Reclamei.

— Qual é, Marcos!? Ok, tou diminuindo, está vendo?

— Beleza — respondi, me segurando no pescoço do Fernando.

Mas não demorou muito para o carro voltar à velocidade anterior. Só eu reparei. Acho que de todos, eu fui o que menos bebeu. Bebi só algumas doses de vodka; já os outros, estes beberam cerveja e caipirinhas, sem contar as tequilas. Mesmo sentindo que a velocidade estava alta, eu dava mais atenção ao que os meus amigos estavam conversando.

— Égua, Augusto, mah, tu não pegou nenhuma, pow! — chacoteou Anderson.

— O Fernando não pegou nenhuma também...  — disse Augusto com resignação.

— Claro! Ele é viado! — retrucou o Anderson.

— Mas o Fernando disse que dessa vez ele pegaria uma mulher...  — ponderou o Cláudio.

— Hei, parem já! — reclamou Fernando.

— Ah! Louca! — frescou novamente Anderson.

Todos rimos.

Com um tempinho, ficamos todos em silêncio. Foi quando o Augusto ligou o rádio numa estação de forró. Ouvimos uma música que impregnava em nossas cabeças. Até eu, que detesto forró, estava cantando essa música!

— Meu bem, meu bem! Te quero tão bem. Também, também, te quero ter bem! — todos cantávamos.

Estávamos todos nos divertindo. Cantávamos, ríamos, estávamos entre amigos. Fernando ficava quase babando, vendo Cláudio pulando brincando no colo do Vítor, o que fazia Anderson tirar sarro da cara dele. Comecei a gargalhar.
Foi aí que eu parei de olhar para os meus amigos para olhar para o vidro do carro. Não conseguia discernir, com o olhar, o que era a pista do que era a escuridão da noite. Nem o farol, eu conseguia notar. Fitei o motorista ponderando se ele conseguia ver a estrada.

Eu acho que fui o único a notar um clarão gigantesco vindo na nossa direção. Chamei rapidamente a atenção do Augusto, mas, no momento, ele estava lânguido. Eu tentei tomar o volante, me projetando para frente do carro. Nesse momento ele voltou a si. Assustou-se e segurou o volante com força, tentando controlar a direção. Mas já era tarde demais. Só deu tempo de eu ver o clarão enorme nos engolindo em alta velocidade, seguido de um baque ensurdecedor... 


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